21 de janeiro de 2014

Falta de Educação

A polémica gerada pela proposta, por parte da JSD, da realização de um referendo relativamente à possibilidade de co-adopção por casais homossexuais apagou, em grande parte, a discussão referente à escolaridade obrigatória, que a JP afirmou pretender encurtar. Desejo retomar tal debate, não pelo gosto da altercação, mas por acreditar que a educação é um tema que deve estar sempre presente no horizonte de qualquer comunidade política.
Qualquer sociedade ou arranjo social, por mais simples que seja, integra, necessariamente, mecanismos de transmissão de língua, costumes, saberes e outros elementos culturais. Da mesma forma, também hoje é observável, entre a maioria dos povos, a adopção do dispositivo de instrução e educação a que nos referimos como escolaridade.
A transmissão realizada por essa instituição enfoca-se, maioritariamente na manutenção e reprodução dos modelos político, económico e social vigentes bem como das relações de poder nas quais estes assentam.
Ao longo do seu percurso escolar o aluno é introduzido a uma lógica social construída segundo valores de dominação e coerção: o autoritarismo do professor; a disciplina militar; a uniformização dos ritmos e saberes; os castigos e humilhações.

Devido a uma prolongada exposição a estes mecanismos disciplinares do sistema educativo (análogos aos da fábrica, prisão ou quartel), o jovem saído da escolaridade obrigatória está preparado para se submeter ao capitalismo, à democracia representativa, à sociedade de consumo-espetáculo e a uma pluralidade de micro-fascismos e relações assimétricas com as quais se deparará ao longo da vida. Fabricam-se, assim, cidadãos submissos, trabalhadores acríticos, expectadores passivos.

Rui Coelho
Licenciado em Ciência Política pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas


26 de dezembro de 2013

Triste Natal.

Nós, as pessoas, temo-nos concentrado e empenhado para mudar o Natal e, através dessa mudança, para o destruir. A partir de Dezembro, a quantidade de luzes que Lisboa tem a iluminar as suas ruas torna-se assunto mais sério que a quantidade de desempregados que existem no país, os saldos dos grandes centros comerciais tornam-se mais sérios do que as pessoas que morrem nas nossas estradas em busca dos seus, e as crianças passam a nutrir um amor mais forte pelas prendas que o Pai Natal vai trazer do que por aqueles que as amam.
Triste Natal. Momento em que toda a família se junta para não parecer mal, e em que todos se esforçam para comprar o presente que faça com que o maior sorriso do mais novo seja para nós. Triste é o Natal em que se compram sorrisos...
Mas por saber que vou ouvir mais uma historia das antigas, eu gosto do Natal. Por saber que vou fazer cocegas às mais novas e elas vão rir e pedir-me um abraço, e por saber que o meu avô vai voltar a resmungar por só estarem a dar "bonecos" na televisão. Gosto do Natal porque gosto deles, e porque eles gostam de mim, e porque vamos estar juntos.
O Natal é mesmo quando um homem quiser. Somos nós, pessoas, que não o queremos mais vezes, porque não conhecemos o verdadeiro Natal, e porque o que conhecemos, é muito caro.

18 de dezembro de 2013

Eu quero, e tu?

mu·dar - Conjugar
(latim muto, -are)
verbo transitivo, intransitivo e pronominal
1. Fazer ou sofrer alteração. = ALTERAR, MODIFICAR, TRANSFORMAR ≠ CONSERVAR, MANTER  2. Variar de habitação ou residência. 3. Tirar de um lugar ou posição para outro. = DESLOCAR, MOVER, TRANSFERIR 4. Substituir, trocar. 5. Dispor ou apresentar-se de outra forma. = MODIFICAR, RENOVAR 6. Dar outra orientação, direção ou sentido. = REDEFINIR, REDIRECIONAR 7. Estar na muda (da pena, da pele etc.), 8. Cambiar, variar.
Fonte: Priberam

Parece fácil explicar não é? Tão simples como uma ida ao dicionário. Explicar é fácil... O pior é fazê-lo e saber o que temos de mudar e porque é que temos de mudar.
Mudar?
Mudar o quê?
Mudar porquê?
Porque alguém quer?
E porque não muda esse alguém?
Seria muito mais confortável para mim, mas... Porque não mudo eu?
Porque não mudamos todos?
Porque não emendamos o que sabemos que está totalmente errado?
Porque é que continuamos a fazer asneiras sabendo que estamos a magoar alguém?

Porque tantas perguntas?
Porque é que não temos respostas?
Porque é que fazemos perguntas e não damos respostas?

Somos assim, um ser, que, incontornavelmente, faz perguntas às quais pretende que outros obtenham respostas. Não nos damos ao trabalho de procurar saber aquilo que nos apoquenta mas que não nos interessa totalmente, se eu não me interesso em mudar para que é que vou querer saber porque é que os outros gostavam que mudasse? Para nada, só vou estar a ouvir pessoas a falarem para mim. E na minha cabeça? Na minha cabeça vão estar coisas tão simples como "Vá, fala, fala para aí, nem quero saber o que dizes" ou então "Aí, mas será que não se cansa? Ainda não percebeu que quem está mal que se mude?"
É isso mesmo o nosso mal, mesmo estando na pior posição não nos mudamos somos comodistas, não queremos sair do sitio onde estamos e nos habituaram a estar. Se está mal? Não nos preocupa... Se fica pior? Há-de melhorar. E andamos assim, há uns bons anos a deixar que brinquem connosco, com a nossa vida.
Devíamos ser mais ativos e tentar mudar, mudar o que não está bem. Começar pelas pequenas coisas para podermos chegar cada vez mais longe e, quem sabe, mudar o país. Se não fossemos tão comodistas Portugal não estava na situação que está e o Governo não fazia de nós o que faz.
Governo? Afinal o que é isso? Ou o que devia ser?
Para uns devia "zelar pelo bem estar dos cidadãos", para outros "Se o governo conseguir garantir as igualdades de direitos e de oportunidades e proteger os portugueses dos perigos do exterior, é um bom governo" ou  "A função deles devia ser lutar pelo civismo e atualizar as regras à cultura que se vai alterando. A prioridade seria tentar lutar para que os cidadãos portugueses estivessem bem e felizes e para que não existissem tantos desfavorecidos".
Então e se perguntarmos se cumprem com isso? Muitas das respostas são negativas. "Se cumprissem não estaríamos a passar por estas situações horríveis, o número de sem-abrigos aumentou de 2012 para 2013" "Obrigações? Deveres? Eles sabem o que é isso?" "Retirar pensões, sermos um dos países com os ordenados mínimos mais baixos" isso é "zelar pelo bem dos cidadãos"? NÃO!
Temos de mudar, temos de fazer mudar! Não podemos pensar que somos só uma gota de água no oceano, temos de pensar que somos parte do oceano e que a onda da mudança pode começar connosco. Temos que abrir horizontes e fazer com que a nossa vida melhore e depois disso? Depois disso temos de fazer com que a vida deste e daquele seja diferente e ai sim mudamos e fazemos a diferença!
Eu quero mudar e quero fazer a diferença! E tu?

Autor: Jéssica Catarina Marques

17 de dezembro de 2013

Porquê a Ucrânia?

Nos últimos tempos temos assistido a uma guerra de poderes entre a União Europeia (com o apoio dos E.U.A.) e a Rússia por um estado do este europeu, a Ucrânia. Sendo um território que outrora pertenceu ao império Russo, e mais tarde uma das repúblicas constituintes da URSS, não é de espantar o interesse do país por este estado.

A Ucrânia, actualmente mergulhada numa crise económica, cujo PIB deverá diminuir cerca de 0,5%, é um país com uma população de 45 milhões de habitantes. A sua população faz do país um mercado muito atraente para os produtos europeus, e a oferta interna seria reduzida, já que segundo alguns especialistas, seja qual for o bloco que consiga tornar a Ucrânia um dos seus membros, a economia ucraniana deverá sofrer um forte abalo, devido á concorrência de produtos mais baratos do que os fabricados no país. Não é à toa que a Senhora Merkel teve encontros com o presidente ucraniano, ela sabe melhor que ninguém o que o país representa para o crescimento da economia alemã. A expansão do mercado único não é, no entanto, a única razão para o interesse Europeu. A Ucrânia tem uma posição privilegiada na europa de leste, e com acesso e controlo de uma parte significativa do mar Negro, não esquecendo os recursos naturais existentes no extenso território Ucraniano…

Para a Ucrânia a decisão não será fácil, pois aceitar acordos com a União Europeia significa perder o mais importante parceiro comercial do país, o principal exportador dos seus produtos e perder o gás a preços muito reduzidos, que é vital para a população e para a economia. Entrar num acordo aduaneiro com a Rússia significa perder a hipótese de entrar na União Europeia e assegurar todos os benefícios (e também malefícios) que daí advém. Recentemente a Rússia ofereceu um empréstimo a juros muito baixos de cerca de 15 mil milhões de dólares, e um novo desconto no preço do gás natural.


O povo ucraniano aparenta estar do lado da União Europeia. Será a ideia de que na União Europeia a vida fácil que os atrai? A nós, europeus de primeira, não nos parece que seja uma vida tão fácil assim…

16 de dezembro de 2013

Viver a sério.

Andamos nós por cá, neste país centenário, cheio de História e de histórias. Uns riem, outros choram. Uns vivem, outros sobrevivem, e governados continuamos por quem não entende que não é para sobreviver que vivemos.
Já lá vão quase três anos, e para além de terem feito o que prometeram que nunca iriam fazer, não fizeram grande coisa. Estamos muito pior do que estávamos. Nunca estivemos assim. Felizmente, temos tido a honrosa sorte de ter governos que conhecem e que respeitam a Constituição, que conhecem e que respeitam os portugueses. Infelizmente, a sorte acabou. Temos agora o azar de ter um governo como este, que não conhece nem os portugueses nem a lei que possibilita a existência de Portugal e que, teimosamente agarrado a uma ideologia que nunca provou resultar, encaminham o nosso país para o afogamento, enchendo as televisões e os jornais com clamações de inexistência de alternativas. Infelizmente, é isto o que temos. Felizmente, estão enganados. Há sempre alternativa. Houve sempre alternativa.
Precisamos de um governo de gente séria, experiente, credível, segura, que não se deixe levar por submarinos, e que defenda Portugal. Gente que respeite a Democracia e a Constituição. Que entenda a importância do Sistema Nacional de Saúde, da Educação, das Forças de Segurança. Um governo que entenda as pessoas, que conheça a História e as histórias e que, olhando para a realidade, a perceba, e defendendo Portugal, a altere.

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Cristiano Frazão




15 de dezembro de 2013

Reorganização do Ensino Superior em Portugal

Num País em que o sistema político está bloqueado e que por de trás de cada instituição de ensino superior há interesse de autarquias e de comissões políticas distritais, a muito custo e com muita coragem, se tem de fazer esta reestruturação.
Sabendo também que Portugal é dos países com propinas mais altas por esta Europa fora, é aqui também que os estabelecimentos de ensino superior estão a ser massacrados por falta de apoio por redução de investimento por parte do Estado.
Então esta reorganização será uma escolha certa?
  • ·         Se não se desprezar o interior do País.
  • ·         Se for para existir consórcios e fusões.
  • ·         Se for para criar órgãos regionais de coordenação entre instituições.
  • ·         Se for para criar um novo modelo de Financiamento (não com base apenas no número de alunos mas também olhar para os cursos com maior saída profissional).
  • ·         Se for para ganhar escala e força.
  • ·         Se for na perspectiva de servir melhor a qualidade do serviço que oferece ao País (Investigação, Credibilidade Nacional e Internacional, melhor ensino).
  • ·         Se for também para adequar a oferta formativa às necessidades do País apostas nas áreas (Ciência, Engenharias, Tecnologias, Matemática e Informáticas), e na redução/fecho de cursos com reduzida ou quase nula saída profissional.
  • ·         Se for também para uma maior optimização dos recursos disponíveis (Imateriais e Materiais).
  • Se tudo Isto for para ser feito, CONCORDO!

Mas mais coisas há a dizer sobre este assunto.
Há também um projecto de vir a existir cursos de apenas 2 anos, ou seja, 120 ECT’s, Politécnicos, estes cursos são para base regional ou inter-regional, e interacção obrigatória com as empresas, preparando assim os alunos num âmbito mais técnicos e direccionada para cada região.
Até aqui na generalidade tem sido apenas assuntos positivos, mas o que acho inconcebível é:
Existirem instituições de ensino superior próximas umas das outras com cursos repetidos e que não enchem as vagas, quando o País não tem dinheiro para isso.
O que me deixa incrédulo é a questão deste assunto não ser novo e de nada ter sido feito até agora.
Temos de ter presente que no ensino superior não é a quantidade que importa mas sim a qualidade. Cito aqui uma expressão “A qualidade do ensino superior tem de melhorar”…”A qualidade das instituições não é generalizada nem suficiente para competir a nível Internacional”…”fica muito aquém das expectativas”.
Existe ainda outra citação que não posso deixar de referir, que é um pouco mais agressiva mas é inteiramente verdade “Os estabelecimentos designados de interior do país salvo raríssimas e honrosas excepções não cumprem a função de desenvolvimento, mas estão muito aquém do que é exigível".
Esta reorganização, se for bem-feita pensada e posta em prática, tanto pode “dar bons frutos” como também pode ser um bom exemplo para a reorganização administrativa pública.
Há também outro argumento que não posso deixar de parte:
Se em Portugal o poder político está mais disposto a dar mais dinheiro aos bancos do que às Universidades e Politécnicos, como pode este sistema de ensino competir com os melhores da Europa?
(sim muitos de vocês me podem dizer que Portugal injectou dinheiro na banca para tentar salvar a economia, sim talvez tenha sido verdade, mas o sector de ensino não pode pensar a curto prazo pois ao estar a formar pessoas qualificadas, daqui a 20 anos o País, na sua génese, estará diferente, será menos iletrado, será mais dinâmico entre tantas outras coisas).
Não esquecendo que o sistema de ensino superior é deveras importante para o desenvolvimento global país.


Escrito por: Filipe Marques


11 de dezembro de 2013

Análise SWOT

Passados mais de dois anos da assinatura do memorando de entendimento e a alguns meses do final da terceiro programa de ajustamento, é mais que oportuno fazer um ponto de situação de que fizemos até agora e do que ainda há por fazer.

Quando estamos confortavelmente à frente do campeonato, por norma não nos preocupamos muito em questionar as decisões dos treinadores, pois uma margem de 7 ou 8 pontos em relação ao segundo classificado quase que tornam admissíveis quaisquer erros por parte dos treinadores, por mais estúpidos que sejam. O que é perfeitamente razoável uma vez que a escassa perspetiva de uma descida para o segundo lugar é de tal modo pequena que, sem darmos por isso, fechamos os olhos às idiotices dos treinadores. Contudo, se a duas jornadas do fim a diferença para o segundo lugar já só é de um ponto, até a porcaria do nó da gravata do treinador serve de pretexto para lhe chamar uns bons e merecidos nomes.

Isto acontece porque no final, para nós, já é visível o quanto cada decisão pode levar ou não a ganhar o troféu. Infelizmente, para nós, à três anos para cá que cada decisão política se assemelha à de um treinador nas últimas jornadas. E, parece-me, o fim de mais um temporada está à porta.

Procurando não ser muito exaustivo, vou tentar explorar algumas das variáveis endógenas e exógenas ao desempenho português que podem determinar o sucesso do programa de ajustamento e que podem influenciar e muito as nossas vidas daqui para a frente, bem como as apreciações crítcas mais ou menos agradáveis que se farão aos políticos.

Vamos assumir que o troféu é a saída com sucesso do programa de ajustamento. E vamos olhar para questão como qualquer treinador coerente olharia a poucas jornadas do fim: fazendo uma análise SWOT.

FORÇAS

Como bom português que sou, devo confessar que as principais forças que nos poderão levar a ganhar o troféu, têm se vindo a apresentar, em parte, como surpresas. Agradáveis, diga-se de passagem.

1) Recuperação Económica, ainda que franzina e débil. Comparativamente os trimestres anteriores o PIB registou um aumento de 1,1% no 2º de trimestre de 2013 e de 0,2% no 3º trimestre. O que confirma, como podem ver abaixo, a inversão do ciclo económico.


2) Rápido Ajustamento do Setor Privado, que é bem visível com base na descida das importações no último semestre de 2012 e no primeiro trimestre de 2013, que, a par com as reformas estruturais, se acabou por refletir nas exportações, com os empresários a terem de se virar para os mercados externos, devido à contração da procura interna.


3) Responsabilidade Cívica dos Portugueses, reconhecida internacionalmente e prestigiante para a democracia portuguesa


FRAQUEZAS

Contudo, variados são os fatores que poderão puxar país, nos piores dos cenários, para um segundo resgate.

1) Credibilidade Debilitada pela Crise Política, resultante pelos de pedidos de demissão, em agosto, de Vítor Gaspar e Paulo Portas, que vieram alterar a trajetória dos juros da dívida pública e que consecutivamente aumentaram a perceção e risco da dívida pública, que continua incorporada ainda nas taxas de juro.



2) Falta de Consenso Político, que continua a afetar a perceção do comprometimento dos partidos do arco da governação com os objetivos de consolidação orçamental após o programa de assistência e, em particular, a partir das próximas eleições.

3) Execução Orçamental, que pode por em causa o cumprimento da meta do défice.

OPORTUNIDADES

1) Saída do Programa de Ajustamento da Irlanda, que poderá vir alterar a perceção dos investidores quanto à capacidade das autoridades europeias responderem à crise das dívidas soberanas.

AMEAÇAS

1) Potênciais Chumbos do Tribunal Constitucional, que podem por em causa os objetivos do governo e forçar a implementação de medidas compensatórias menos adequadas.


2) Retirada de Estímulos da Reserva Federal e do BCE, que ao diminuir a liquidez podem por em causa a propensão dos investidores para comprar dívida pública.



Muitos outros fatores, uns mais outros menos relevantes, poderiam ser tidos aqui em consideração. Mas o ponto é: o sucesso da saída do programa de ajustamento não depende uni e exclusivamente do governo nem dos portugueses ou do Tribunal Constitucional.

Cabe-no jogar jogo a jogo, concentrar-mo-nos em ganhar os próximos e não esperar grandes surpresas dos outros lados.

Em último caso, estamos na União Europeia.